21 de Julho de 2022
O vírus da violência política
Atos de violência política se espalham como vírus no
Brasil neste ano tão importante de eleições. O assassinato do tesoureiro petistaem
Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, pelo bolsonarista Jorge
Guaranho, trouxe à luz um velho problema do Brasil cuja chamada
polarização das eleições muitas vezes esconde, apesar da polêmica conclusão da
investigação descartar crime político.
A polarização política sempre existiu no Brasil no
pós-redemocratização. Por décadas tivemos dois partidos disputando com mais
afinco a maioria dos votos para presidente, no caso PT e PSBD antes de 2018,
para citar um exemplo. Neste período, fora alguns incidentes pontuais durante a
campanha, nada comparado a um assassinato e bombas explodindo em atos políticos
foram registrados.
Outro termo utilizado, a ultrapolarização, atribuído
a esta eleição, também me parece pouco diante o que vem ocorrendo no País.
Estamos mais próximos de terrorismo político. Este sim, historicamente presente
em séculos de política.
Prudente de Morais, primeiro presidente civil do Brasil,
foi alvo de atentado no Arsenal de Guerra, quando recebia as tropas que
regressavam da Campanha de Canudo. Saiu ileso, mas um de seus generais foi
morto ao defender o presidente. Em julho de 1930, o assassinato do governador
da Paraíba, João Pessoa, pelo desafeto e adversário político João Dantas,
serviu como estopim para a Revolução de 12 de outubro.Sem contar os inúmeros
crimes cometidos pela Ditadura Militar (1964 a 1985) no Brasil.
Nossa cultura de violência política tem altos e
baixos. Parece um vírus. Fica incubado por longos períodos, mas sempre volta.
Para que seja extinto, a vacina - uma mistura de educação, empatia e muita
democracia - deve ser cada vez mais aprimorada. Só assim esse vírus letal não fará
mais órfãos no futuro.
*Maria Giovana Fortunato é sanitarista e
vice-presidente estadual do PDT